I. Número de cursistas
- Iniciamos o Programa no Município de Mangaratiba com um total de 20 cursistas distribuídos em duas turmas. A turma A, cursistas de segunda-feira, iniciou com 12 (doze) cursistas e a turma B, cursistas de quinta-feira, iniciou com 8 (oito) cursistas.
- Atualmente, temos frequentando um total de 17 cursistas, havendo, portanto, três desistências, todos da turma A.
II. Sobre a recepção do Gestar II no município:
- A implantação do Gestar II no município inicialmente se deu de forma muito positiva, ao menos no que diz respeito à intenção de gestores e regentes em participar do programa.
- Ao realizarmos um levantamento para verificarmos o número de possíveis cursistas para o Programa, as escolas nos enviaram um quantitativo de professores que em muito superava as nossas expectativas, já que inicialmente havíamos estabelecido um total de vinte e cinco cursistas por turma, tanto para Português como para Matemática.
- Nesse levantamento era perguntado também aos professores qual seria o melhor dia e horário para que o curso fosse oferecido. E foi exatamente aí que surgiram os nossos primeiros problemas. Viabilizarmos dias e horários que atendessem à maioria dos professores foi algo muito complicado, o que nos forçou inclusive a criar duas turmas, com número reduzido de cursistas para que pudéssemos atender às suas necessidades.
- O quadro que tínhamos era o de professores interessados em participar do curso, porém sem disponibilidade para frequentá-lo nos dias e horários escolhidos pela maioria. Para que pudéssemos atender a todos, teríamos de disponibilizar pequenos grupos em diferentes dias e horários, o que seria inviável por questões lógicas: para isso a formadora teria de ter dedicação exclusiva ao programa e, infelizmente, essa não é a minha realidade.
- Nesse sentido, posso afirmar que, mesmo com essa dificuldade inicial de adequação dos professores aos horários estabelecidos, o curso teve uma ótima aceitação de todos, pois mesmo aqueles não conseguiram participar consideram ser este um excelente programa e que muito tem a contribuir com os professores em sua prática educativa.
III. Dificuldades pedagógicas enfrentadas:
- Adequação dos professores ao modelo de trabalho proposto na teoria estudada, uma vez estarem ainda muito presos a um modelo de ensino mais voltado ao ensino da gramática prescritiva;
- Necessidade de reformulação da proposta curricular da SME para adequá-la aos moldes sugeridos pelo programa, a fim de conciliá-la à proposta do Gestar II;
- Pouca dedicação de alguns cursistas em relação à realização das atividades propostas pelo curso, tais como: leitura dos TPs, realização das atividades com os alunos, registro dos relatos de experiência para entregar à formadora;
- Cronograma – devido ao início do curso ter-se dado apenas no mês de maio e, ainda, os feriados e a suspensão das aulas (em função da Influenza A), as datas para cumprimento da carga horária do programa ficaram muito comprometidas, o que não permite a realização dos encontros quinzenais, conforme fora previsto.
IV. A construção do projeto:
- Com relação à elaboração do projeto pelos cursistas, este já foi trabalhado a título de esclarecimentos sobre sua sistematização – o que é, qual é o objetivo, quando deverá ser entregue, quais as suas especificidades, como deverá ser elaborado.
- Na ocasião, os professores tiveram um encontro dedicado a tais informações, feito a partir da apresentação de slides e também de uma apostila contendo o passo a passo para a organização do projeto.
- Alguns professores já possuíam em suas escolas projetos planejados que se encaixavam perfeitamente aos moldes do que estabelece o Gestar quanto ao planejamento e à execução do projeto final. Para estes couberam apenas algumas pequenas adequações, tais como a inclusão do referencial teórico de algum dos TPs para fundamentar a realização do projeto. Outros já saíram do encontro com ideias sobre o que fariam em suas escolas e, alguns, ainda hoje demonstram dúvidas quanto ao que realmente irão fazer.
- Entretanto, todos estão cientes da necessidade da criação e da execução do projeto com os alunos e sabem que ele é uma etapa de imprescindível realização para a conclusão do Gestar II.
V. Avaliação e autoavaliação:
- De um modo geral é muito grande a minha satisfação com relação aos resultados que venho observando na prática docente dos cursistas que estão empenhados em realizar com seriedade a proposta do Gestar II. Isso porque a mudança percebida tem produzido efeitos muito significativos tanto na maneira de trabalhar a língua portuguesa em sala de aula, como na compreensão que estes professores passaram a ter de que o ensino de português não é uma mera reprodução do ensino das regras gramaticais, não é o ensino de um sistema. Passaram a entender que ensinar português é, antes de tudo, compreender a língua como discurso e, nessa perspectiva, trabalhar para que os gêneros discursivos sejam os protagonistas deste processo.
- Se considerarmos o reduzido número de participantes no programa, veremos que o número de professores com esta nova postura frente ao ensino de língua materna é ainda pequeno em relação ao número de regentes de português de nossa Rede de Ensino. Porém, se considerarmos que cada um desses poucos professores reproduzirá em suas turmas essa nova visão de ensino, perceberemos que muitos serão os estudantes que passarão a ver a aprendizagem de português como algo mais produtivo, mais prazeroso e muito mais significativo para a sua formação como pessoa que consegue ler e interagir com o mundo em suas mais diversas representações.
- A avaliação é positiva também porque para a maioria dos cursistas os nossos encontros passaram a ser momentos enriquecedores de troca de experiências e de saberes, momentos de falar de coisas sérias, mas de uma forma muito descontraída e natural onde não há “estrelas”, ou melhor, todos são “estrelas” que possuem seu brilho próprio e que não se importam por gratuitamente iluminar os outros, fazendo-os brilhar cada vez mais.
- Os bons resultados estão sendo constatados nas atividades que os professores passaram a realizar em suas aulas, nas provas e testes elaborados seguindo os descritores da Prova Brasil (e isso em todos os anos de escolaridade, e não apenas para o 9º ano), no novo discurso proferido (e praticado) pelos professores com relação às prioridades do ensino de português, na satisfação expressa pelos diretores e coordenadores pedagógicos em razão das mudanças nas práticas de ensino desses professores.
- Quanto a mim, só tenho a dizer que a aprendizagem adquirida no estudo dos TPs e, principalmente, na interação com o grupo tem sido muito significativa, na medida em que me sinto abandonando completamente a visão tradicionalista de ensino de língua que estava arraigada em mim, devido aos modelos com os quais constitui minha formação.
- E esse crescimento mútuo emitirá seus reflexos em toda a educação municipal, uma vez que já temos como meta ao final do curso a formação de grupos de trabalho com os professores cursistas todpara reformulação da proposta curricular de ensino da Secretaria de Educação na área de Língua Portuguesa para os anos finais do Ensino Fundamental objetivando adequá-la à proposta do Gestar. Tal ação facilitará a que todos os professores ponham em prática essa visão atual de ensino de língua, a qual já não é nem tão atual assim, afinal desde a instituição dos Parâmetros Curriculares Nacionais (1997) o ensino de português deveria ter sido repensado e, desde aquela época deveria seguir a linha discursiva em detrimento de um ensino tradicional.